terça-feira, 30 de julho de 2013

Colecionando Frases

Uma frase eternizada em um dia inspirado:

São todas as frases apócrifas, em conjunto com essa hermenêutica desbotada e o esforço contumaz em malograr minh'alma, que me fazem repugnar-te de maneira tão leviatã.

Enaldo Fernando Abreu


https://www.facebook.com/enaldosegundo/posts/519702034709419

sábado, 27 de julho de 2013

Sobre o futebol de Mossoró

Sejamos sinceros. Um amigo meu, certa vez, me disse eu relutei em acreditar. Mas sendo bem realista nós veremos que Mossoró tem 2.000 TORCEDORES de futebol. Mil do Baraúnas e mil do Potiguar. E pronto. Qualquer número além desse são os aproveitadores de momento, especialmente quando o time vai bem. E quando esses aproveitadores vão ao Nogueirão vocês já viram o que acontece, não é? Perda de mandos de campo e interdição de estádio. Exatamente pela falta de compromisso que essas pessoas, não só os políticos, tem com o futebol de Mossoró.

A situação é crítica, chega a ser até desesperadora para alguns. E pela falta de investimentos não só no futebol profissional, mas também no futebol amador, na escolinhas de bairros, nós pagamos por isso. Todo ano são 30 a 40 jogadores diferentes que passam por Mossoró. Contam-se nos dedos os poucos que foram formados nas categorias de base daqui. Pela situação, o apoio do poder público seria primordial para o investimento no futebol, especialmente na base, na formação de novos atletas. Pois já disse a alguns daqui, e é como eu penso, mas me recuso a aceitar que o dinheiro da arrecadação pública sirva para pagar salário de jogador que chega aqui e quer ganhar 10 mil reais por mês e depois ir embora. E não tem show de estação das artes que sirva como desculpa para gastar dinheiro inutilmente.

Infelizmente a nossa podre política funciona assim. E não quero vir aqui ser hipócrita e criticar gestão A ou B. Eu coloco todos no mesmo barco, por que nenhum deles surgiu do nada. Todos vem/vieram das escolas que vocês estudaram, da universidade que vocês estudaram e foram batizados políticamente por essa idéia de que futebol não gera lucro, especialmente aqui. Ora, trazer um show de Luan Santana não é mais "agradável" para uma gestão? São mais de 80, 90 mil pessoas na estação das artes. Agora me diga, eu e você, que gostamos do futebol de Mossoró de verdade, quantas pessoas vão ao Nogueirão ver o marketing da gestão? Que "investimento" é esse, onde você injeta 200 ou 300 mil reais e uma arrecadação de ingressos não paga nem o salário do árbitro? Eu ligo pra marketing de gestão? Eu não tô nem aí. Mas quem administra tá.

E aí eu entro também em outras questões: deve-se criticar duramente também a classe empresarial dessa cidade. São pessoas que deveriam também se preocupar com a situação vivida pelo nosso futebol. Mas eu coloco uma contra-questão: qual a garantia que esse empresário tem de que os 100 mil reais investidos vão ser realmente investidos no futebol. Existe uma prestação de contas fiel, com tudo documentado sobre os gastos? Por favor, me digam se houver. Eu desconheço. E esse marketing feito em Mossoró, com 30 propagandas em uma camisa? É esse o marketing eficiente? Uma ação direta com os torcedores não seria mais interessante? Será que os gestores daqui ainda não viram que 30 propagandas em uma camisa não faz diferença alguma?

Eu questiono e vou continuar questionando. Acho que o futebol de Mossoró precisar de um choque de gestão. E acho que a administração pública também, e não me refiro só a escala municipal, me refiro a estadual e federal também. Quantos deputados e senadores se aproveitaram dos momentos de Baraúnas e Potiguar para aparecer na mídia também? Por que nenhum deputado federal (PS: seja ele de qualquer partido | PS2: os deputados tem grande abertura com os "magnatas" da CBF) fez uma intervenção na CBF para cobrar os 400 mil que o Baraúnas ia receber e não receberá mais?

Vivemos num estado inerte quando se trata de política. E vivemos também em uma cidade inerte futebolisticamente. Onde as pessoas só se movimentam para ir ao estádio quando um time do RJ ou SP vem jogar aqui. Basta ver os maiores públicos do Nogueirão. É essa a nossa realidade. Mas eu não desisti até hoje. E não vai ser agora que eu vou desistir.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

A Grande Renuncia

Bertrand RussellCedo ou tarde, a todo o homem chega a grande renúncia. Para o jovem não existe nada inalcançável. Que algo bom e desejado com toda a força de uma vontade apaixonada seja impossível, não lhe parece crível. Mas, ou por meio da morte ou da doença, da pobreza ou da voz do dever, cada um de nós é forçado a aprender que o mundo não foi feito para nós e que, não importa quão belas as coisas que almejamos, o destino pode, não obstante, proibi-las. É parte da coragem, quando a adversidade vem, suportá-la sem lamentar a derrocada das nossas esperanças, afastando os nossos pensamentos de vãos arrependimentos. Esse grau de submissão (...) não é somente justo e correcto: ele é o portal da sabedoria.

Bertrand Russell, em "A Free Man's Worship"

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Aprender a Ver

Friedrich NietzscheAprender a ver - habituar os olhos à calma, à paciência, ao deixar-que-as-coisas-se-aproximem-de-nós; aprender a adiar o juízo, a rodear e a abarcar o caso particular a partir de todos os lados. Este é o primeiro ensino preliminar para o espírito: não reagir imediatamente a um estímulo, mas sim controlar os instintos que põem obstáculos, que isolam. Aprender a ver, tal como eu o entendo, é já quase o que o modo afilosófico de falar denomina vontade forte: o essencial nisto é, precisamente, o poder não «querer», o poder diferir a decisão. Toda a não-espiritualidade, toda a vulgaridade descansa na incapacidade de opor resistência a um estímulo — tem que se reagir, seguem-se todos os impulsos. Em muitos casos esse ter que é já doença, decadência, sintoma de esgotamento, — quase tudo o que a rudeza afilosófica designa com o nome de «vício» é apenas essa incapacidade fisiológica de não reagir. — Uma aplicação prática do ter-aprendido-a-ver: enquanto discente em geral, chegar-se-á a ser lento, desconfiado, teimoso. Ao estranho, ao novo de qualquer espécie deixar-se-o-á aproximar-se com uma tranquilidade hostil, — afasta-se dele a mão. O ter abertas todas as portas, o servil abrir a boca perante todo o facto pequeno, o estar sempre disposto a meter-se, a lançar-se de um salto para dentro de outros homens e outras coisas, em suma, a famosa «objectividade» moderna é mau gosto, é algo não-aristocrático par excellence.

Friedrich Nietzsche, in "Crepúsculo dos Ídolos"

Ser Diferente

Agostinho da SilvaA única salvação do que é diferente é ser diferente até o fim, com todo o valor, todo o vigor e toda a rija impassibilidade; tomar as atitudes que ninguém toma e usar os meios de que ninguém usa; não ceder a pressões, nem aos afagos, nem às ternuras, nem aos rancores; ser ele; não quebrar as leis eternas, as não-escritas, ante a lei passageira ou os caprichos do momento; no fim de todas as batalhas — batalhas para os outros, não para ele, que as percebe — há-de provocar o respeito e dominar as lembranças; teve a coragem de ser cão entre as ovelhas; nunca baliu; e elas um dia hão-de reconhecer que foi ele o mais forte e as soube em qualquer tempo defender dos ataques dos lobos.

Agostinho da Silva, em
'Diário de Alcestes'